No Metro, uma senhora dos seus 50 e poucos anos vai em pé à minha frente. Começa a tocar um telemóvel com a cantilena “I don’t care, I love it” de Icona Pop e eu sei que não é o meu (sou mais elitista, tenho como toque “A morena do kuduro”, do José Malhoa).
A senhora tem um ar aflito e começa desesperadamente a procurar o seu telemóvel. Sim, Icona Pop vem do seu tamagochi, e ela tenta atender o mais rápido que possível. Vê-se que a preocupação é mais pelo toque do que pela conversa que se segue. Volta a guardar o telemóvel na mala.
Dois minutos depois, Icona Pop volta a dar-lhe forte e feio. O desespero da senhora repete-se e olha para mim. Faço aquele sorriso compreensivo que às vezes me faz pensar que podia ter tido uma carreira no clero. A minha estação aproxima-se e penso por segundos dizer-lhe “Nunca deixe que sejam os seus filhos a escolher o toque para o seu telemóvel”.
Mas depois penso, I don’t care…i love it.
E saio ao som de mais uma chamada de Icona Pop.